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Em definição: “O computador é uma máquina eletrônica que permite processar dados. O termo provém do latim computare [...]”.

Para Lévy (1999):

Um computador é uma montagem particular de unidades de processamento, de transmissão, de memória e de interfaces para entrada e saída de informações. (p. 44)

Do mesmo modo, consigo definir o computador como sendo aquilo que armazena minha memória de infância. Trata-se do objeto que guarda as fotografias do meu ser criança, os desenhos feitos no MS Paint de uma pequena artista, e que, ao ser acessado, me faz lembrar de momentos apagados, e me coloca novamente naquele território de criança curiosa: ao iniciar a procura, instigo-me cada vez mais.

Investigo as pastas uma por uma: foto por foto, vídeo por vídeo e me vejo novamente habitando um lugar do passado. Atribuo novos significados e assim encontro-me nesta pesquisa. Desse modo, procuro fazer uma reconstrução afetiva por meio do acesso a esse acervo de fotografias armazenadas em um antigo notebook da família, aquele que todos em casa utilizavam, eu, minha mãe e meu pai.

A ideia do reacesso à esse objeto parte da necessidade de entender as relações que foram construídas ao longo dos anos de uso desse computador, que atualmente encontra-se guardado e inutilizado.

Cada um buscava utilizar essa tecnologia de maneira distinta. Lembro-me que quando o cartão de memória da câmera digital estava lotado, meu pai costumava colocar as fotografias no computador e por fim formatar o cartão, para que novos registros pudessem ser feitos. Dessa forma, um acervo de fotografias e vídeos da família começou a desenvolver-se de maneira digital.

No contexto da minha família, o meio digital tornou de fácil acesso a prática de fotografar e também de armazenar esses registros, visto que tenho poucas fotografias analógicas reveladas e registros de quando nasci, justamente por ser uma prática custosa. Assim, tenho minha infância registrada por meios digitais e minha memória do ser criança é constituída por vias desses aparatos eletrônicos.

Percebo que revirando o passado consigo compreender de fato os desdobramentos do presente. Revisitar as memórias da infância faz-se preciso nesse sentido. Pensando na minha produção e processo de criação, Dewey (2019, p. 90) coloca o tempo como um fator essencial:

"O tempo, como organização da mudança, é crescimento, e o crescimento significa uma série variada de mudanças, entra nos intervalos de pausa e repouso, de conclusões que se tornam os pontos iniciais de novos processos de desenvolvimento."

A partir disso, percebo que surge um questionamento de como entendo essa passagem do tempo dentro do meu próprio ser poético. De que modo esse objeto, o computador, é compreendido nesse processo nostálgico de formação pessoal, dos vestígios digitais, das memórias do meu ser criança.

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